Ao adentrarmos pelo corredor do veículo, aparentemente tudo bem: ônibus espaçoso, ar-condicionado, poltronas confortáveis. Uns 30min depois, surpresa! O veículo para. Os passageiros se perguntam qual o problema e a resposta vem logo em seguida: ar-condicionado com defeito.
As peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar, afinal, minutos antes o oxigênio estava escasso, o ar esquentava e, pouco a pouco, os passageiros se incomodavam, cochichando com seus vizinhos: “Que calor! Esse ar está com defeito, não está esfriando... Não tem como abrir a janela? É uma situação de emergência”!
O mais interessante nisso tudo foi a paciência, o despreparo e a falta de educação do motorista. Quando indagado sobre a previsão para que outro veículo chegasse, dizia: “Não sei, estou tentando resolver”. Solução? Que nada, apenas ligações sem resposta.
Planejamento? Para quê? Nem sequer a Real Alagoas tinha um ônibus reserva na garagem para situações de emergência. E agora? Teríamos que esperar um transporte que chegaria de Paulo Afonso para, enfim, seguirmos viagem rumo à terra dos Xucurus.
Mas o melhor está por vir – a Polícia Rodoviária Federal. Quanta eficiência! Quando procurada por alguns passageiros interessados na resolução do problema, o único policial que estava no posto afirmou que não dava para fazer uma vistoria no transporte porque estava sozinho, quem ficaria em seu lugar? (trancar o posto por apenas alguns minutos, já que o ônibus estava parado a poucos metros dali, nem passou pela sua cabeça; pedir ao segurança que o acompanhava para "segurar as pontas" por uns instantes, muito menos).
E completou: “Sabe como é né? O Brasil...” Com certeza, sabemos sim! E quanto ao bom senso de um profissional que, teoricamente, deveria prezar pela fiscalização das rodovias e se sentia de mãos atadas para verificar, dentre outras questões, o excesso de passageiros no ônibus, já que o problema do ar-condicionado não era de sua alçada? Passou longe...
Enquanto isso, o povo esperava, o motorista ouvia reclamações e, “sabiamente” respondia à altura. Educação mandou lembrança, profissionalismo então, também passou longe, muito longe.
E, no clímax da confusão, ele ri, ri pra não chorar, desconversa, diz que a culpa não é sua e segue em frente. Despreparo! Descaso! Esse é o preço que se paga por um sistema que entra em falência a cada dia, capitalismo que corre contra o tempo e não dá conta das próprias demandas.
Só nos resta rir, “rir do próprio riso”, como diria Baudrillard.