Mais uma vez, as chamas assolam o Parque Nacional da região e outras áreas de proteção, como a APA Marimbus-Iraquara. Desde setembro, diversas localidades foram devastadas pelo fogo, começando pela Serra do Ramalho, em Andaraí, no mês de setembro, ao lado dos Gerais do Vieira, porta de entrada e saída para o célebre Vale do Pati (fotos próprias logo abaixo), e de Mucugê.
Ibicoara, Lençóis, Palmeiras, Andaraí, Mucugê, Iraquara e Seabra são alguns municípios atingidos, nos quais belos cenários naturais transformam-se em cinzas. O entorno de atrativos famosos, como o Rio Mucugezinho e o Poço do Diabo, os morros Branco, do Pai Inácio, do Camelo e os Três irmãos, além da comunidade histórica do Barro Branco, estão com sua paisagem modificada, para a tristeza e desespero dos moradores do entorno, em especial, e dos milhares de turistas apaixonados pela região.
Após muita comoção e dias de incêndios, também entram em cena os governos municipais, estadual e federal, com aviões, helicópteros, veículos tracionados, carros-pipa e recursos humanos, com destaque para o Exército e o Corpo de Bombeiros, bem como peritos em busca das origens deste desastre ambiental. Numa rede de solidariedade, cidadãos de bem se articulam em torno de doações em prol de uma causa única: conter a destruição do nosso patrimônio natural!
A cobrança de medidas preventivas por parte do poder público é uma das reivindicações dos “heróis verdes”. Prevenção em lugar do combate! Educação ambiental para nativos e visitantes; monitoramento, através de tecnologias de ponta e profissionais especializados são algumas iniciativas apontadas pelos brigadistas para reduzir o montante calculado em milhões na contenção das chamas. Aperfeiçoar o diálogo e realizar ações conjuntas, de forma organizada e estratégica, também são levantadas como soluções mais viáveis.
A quantidade devastada ainda não foi calculada, mas somando os incêndios dos dois meses, estimam-se quase trinta mil hectares – fora os estragos na Chapada Norte, principalmente na Cidade do Ouro (Jacobina), que também registrou incêndios em suas serras nos últimos dias. As chuvas não chegam e os focos se reacendem, tornando caótica uma das vistas mais espetaculares do país. O tempo continua instável em todo o mundo e os reflexos da interferência humana na natureza são claros. O aquecimento global não é apenas um mito; já é sentido, literalmente, na pele. Dias cada vez mais quentes e abafados em meio a temperaturas superaltas tornam quase insuportável a rotina dos baianos e populações diamantinas. Os danos são imensuráveis e incluem a poluição do ar, a perda da biodiversidade e prejuízos econômicos, já que boa parte da região sobrevive do ecoturismo.
E enquanto o gasto no combate é extraordinário, o verdadeiro combate fica em segundo plano: à corrupção e falta de cidadania! Agora, é preciso tempo para tudo se restabelecer (ou, ao menos, parte dele).