As mãos misturam passos do chamado pagodão com o convite ao lava-jato. É como dizer: Venha, venha, estamos aqui, prontos para servir! “Rir do próprio riso”, já diria Baudrillard.
Em meio à desigualdade social que ronda a realidade desses garotos, a música embala corpos sem muita perspectiva; jovens que, em lugar de estudar, ajudam no sustento da família (ou não).
Sobrevivem com espontaneidade e sem muita reflexão. Teriam credibilidade? Tudo bem que transformar o trabalho em algo prazeroso é um desafio. Palmas para eles! Porém, o excesso de brincadeira desvirtua a finalidade de estarem ali. Seria diversão?
Ah, o ócio criativo... Talvez conheçam mais profundamente essa situação e, quiçá, ocupem os pensamentos com outras letras... Pena que ainda não compreenderam a importância de respeitar o espaço do outro, ocupando, além do lava-jato, o acostamento e parte da rua; arriscando a vida em frente aos carros que vão e vêm; colocando no nível máximo o volume que é seu por poucos minutos e poucos trocados.
Eis o preço da desigualdade! Ode ao riso marginal!