Falta de sorte?
Às 8h, chegamos à estação 18, na Boca do Rio, e logo vEmos que duas bicicletas estão sem banco, enquanto algumas das que, aparentemente, parecem em bom estado, possuem assentos desregulados, inviáveis para os mais altos. Além disso, as de número 7 e 8 constam como indisponíveis no sistema. É o jeito escolher a 11, que, para o meu azar, está com problema na correia. Soltando a todo instante, essa peça fundamental nos obriga a sujar as mãos de graxa e cansa a pouca paciência já comprometida.
Falta manutenção...
Após pouco mais de 5min tentando sair do lugar, devolvo a bike e tento pegar outra. Para a minha surpresa, o acesso não é liberado e necessito entrar em contato com a central. É quando escuto a atendente dizer que eu tenho de esperar 15min, já que devolvi o transporte após 5min, e não “até” esse tempo, como prevê o termo de uso. Demonstrando a “qualidade” do serviço, ela nem se esforça pra lembrar que existe um meio de adquirir a bicicleta, pagando uma taxa extra de R$5, além dos R$10 já descontados na adesão ao sistema.
Falta profissionalismo e credibilidade...
A luz que dá o sinal verde para a retirada do transporte também está quebrada e, sem acender, ela aciona o sistema de forma equivocada, atrapalhando ainda mais a experiência, que parece ter sido a primeira e última do casal. Nesse intervalo, a segurança já está comprometida, afinal, é preciso estar com o celular em mãos, que deve ter o aplicativo instalado; gastar os míseros créditos para acessar à internet e, caso preciso – certamente, será preciso! – estabelecer contato com uma central que não disponibiliza, sequer, um número gratuito... verdadeira elitização!
Mesmo diante dos problemas técnicos, as informantes nada podem fazer, restando à pobre usuária esperar... Enquanto isso, a bike do companheiro já passa dos 15min – vale ressaltar, sem sair do lugar -, sendo que, após 45, outra taxa adicional seria cobrada.
Falta democracia...
Finalmente sobre duas rodas, o vento atrapalha e a pedalada enfastia mais do que o esperado. No meio do trajeto até a estação do Jardim de Alah – trecho que mal corresponde a ¼ do caminho completo para o trabalho e que seria feito pela via sustentável, para fugir, ao menos, do engarrafamento da Orla -, a chuva nos agracia e encharca, suja de lama... e ainda iríamos arriscar uma vaga nessa estação, pois, caso não houvesse, teríamos de pagar um valor extra pra conduzir a bike até o próximo ponto, acelerando ainda mais os ponteiros.
Falta tempo...
Ciclovia nada perfeita, paisagem que apresenta um trânsito paralelo conturbado, chegamos ao ponto onde deixaríamos a bike para dar início à saga dos “busus” (que, no meu caso, seriam mais dois até o Barbalho). A essa altura, já estamos literalmente descabelados e sem condições de chegar ao ambiente de trabalho de maneira, no mínimo, apresentável.
Falta energia e boa aparência...
Como “ir de bike em Salvador?” Apenas por minúsculos trechos, com tempo de sobra, uma santa paciência e um extraordinário conformismo, afinal, mudar o sistema não é fácil. Mas quem disse que seria?