Religiosidade... Também envolvida no abraço “fraterno” do capital. Espiritualidade... Descaracterizada por balões paraibanos, que lembram as “vantagens” mercantis da venda a prazo. Flashes registram o momento que virá novamente daqui 365 dias. Inscrição na história regional de uma terra de paiaiás, miscigenada por bandeirantes e portugueses. Piemonte da Chapada Diamantina, Jacobina irradia luz e calor nesta noite.
Sob a cruz, o conjunto de velas é atiçado pelo forte vento, ao mesmo tempo em que pingos de chuva ameaçam sua existência. Curvas delineiam a cidade, que parece longínqua nos pontos de luz de espaços comuns. Do Local ao Glocal, a Caminhada da Luz viaja pelas ondas eletromagnéticas da TV. “O São Francisco” apresenta-se tão próximo, mas tão distante. Talvez a subida tenha sido responsável pelo consumo do mínimo de paciência necessária à socialização do saber.
“Se na descida todo santo ajuda”, que tal aventurar uma corrida para disputar o primeiro lugar? Mas há pés descalços, pernas bambas e corpos que tonteiam, apoiando-se no corrimão, o guia do circuito de ambiguidades.
Atos de fé... Na Sexta-feira Santa, a procissão relembra a continuidade de hábitos antigos, mesmo com número reduzido de participantes. Ruídos na comunicação não atrapalham o encanto de vozes suaves e sábias. Vozes que revelam mistérios e oram pelos mortos, enfermos, políticos?! Políticos, eles permeiam os diversos discursos em sua naturalidade, afinal, ser social é inerente à natureza humana.
“Abraçar Jacobina” teria relação com o governo de Si, da Família e do Estado, na prática da conduta exemplar, como diria Foucault? Talvez sabedoria, diligência e paciência sejam instrumentos de transformação mais políticos e menos partidários para a “construção de uma nova cidade”. Cidade esta, em que o Estado fragmentado conviva com organismos sociais atuantes na comunidade.
Apenas impressões durante a Semana Santa na Terra do Ouro.